Já dizia o filósofo Voltaire: "Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o seu direito em dizê-la". Frase eternizada através da luta ativa pela tolerância, o respeito e a liberdade de expressão, mesmo essas três virtudes não sendo ainda valores universais em nosso mundo mundano e sujo.
Lembrar desse pensamento sempre faz com que nós, seres humanos, tenhamos apropriado ao nosso ser opiniões divergentes, sejam elas atuantes sobre a visão política, o futebol, a arte, ou o sentido da vida, e vindas das mais diversas origens. Do colunista do jornal, do amigo no buteco, da Dona Maria cozinheira ou do seu Zé da padaria.
O exercício diário de ouvir, ler e assistir a essas intervenções causa, de maneira extremamente interessante, a ampliação do nosso conhecimento e, consequentemente, nossa valorização enquanto pessoas. Dentro das discussões desenvolvidas, respeitamos, toleramos e concedemos liberdade. No entanto, sem jamais desistirmos de nossas ideias e ações.
A construção desse raciocínio surge quando se pensa nos enormes benefícios trazidos por meio de cada contribuição dos indivíduos que, de forma rápida e simples ou contínua e complexa, nos mostram meandros das reflexões cotidianas por onde jamais imaginaríamos nos instalar, ou ainda não havíamos arriscado a voar.
Levado a cabo esse pensamento, todo o processo de apropriação se desenvolve de forma espontânea, seguindo os estudos do teórico da psicologia social, Vygotsky, que tratam da ligação entre a história da sociedade e o desenvolvimento do homem.
Para Vygotsky, "a aprendizagem sempre inclui relações entre pessoas. Ele defende a idéia de que não há um desenvolvimento pronto e previsto dentro de nós que vai se atualizando conforme o tempo passa. O desenvolvimento é pensado como um processo, onde estão presentes a maturação do organismo, o contato com a cultura produzida pela humanidade e as relações sociais que permitem a aprendizagem. Ou seja, o desenvolvimento é um processo que se dá de dentro para fora."(Trecho retirado do site http://www.euniverso.com.br)
Toda essa teoria, no entanto, só tem garantido um bom resultado quando vai incluída no seu bojo a livre manifestação dos indvíduos ou grupos. Dessa forma é possível receber as opiniões alheias com tolerância e aplicar o conhecimento adquirido, organizando, instintivamente, a abordagem aos diversos assuntos que fazem parte do dia a dia. Tornamos essa possibilidade real quando, a cada troca de palavras, executamos, mesmo sem intenção, o que aprendemos em um diálogo, leitura ou visão anteriores.
Os dois pensadores citados neste texto não são contemporâneos, nem analisam aspectos do conhecimento humano de maneira semelhante. Suas teorias aplicam-se a diferentes áreas, psicologia e filosofia, e tem alcances inimagináveis que não se resumem às frases postadas aqui. Mas o relacionamento entre cada um desses pontos foi apenas um jeito de tentar explorar a essa experiência no papel(ou na tela do computador), que já venho tendo na prática há bastante tempo.