sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Violência gratuita

Notícias veiculadas em jornais, rádios e emissoras de tv de Salvador e de todo o Brasil quando dos incêndios de ônibus coletivos na cidade, ações colocadas em prática a partir do tão flamejado 7 de setembro, ainda despertam a atenção.

Polícia e governo adotaram a versão oficialesca, ratificada pela imprensa local, de que os ataques foram motivados exclusivamente pela transferência do traficante Cláudio Eduardo Campanha para o Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul.

Mas quem vive em bairros humildes da capital baiana tem um conhecimento diferente sobre o caso. Representantes de movimentos de contestação na periferia confirmam que a ação dos incendiários já era esperada por outro porém, também visto nas cadeias.

O pavio acendeu a partir das péssimas condições em que se encontram os detentos nos presídios do estado, segundo um Coordenador de Associação de Amigos e Familiares de Presos.

Pagar a pena pelo crime cometido, ser reeducado e reintegrado à sociedade sim. Viver engaiolado e espremido, sem condições de higiene, alimentação e sociabilidade, não.

Que a incomunicabilidade e a indisponibilidade do traficante para com seus companheiros de fora da prisão foi o estopim, não há como negar.

Mas omitir a informação de que os centros de detenção da Bahia e do país deterioram ainda mais a vida de quem adentra as grades, é esquecer da principal função dessa tão recalcada mídia. Defender o interesse público.

Pobres são as pessoas que pegam o transporte com medo, sem saber de que, e não compreendem de onde parte tamanha violência. Simples como um espelho. Ela reflete aquela que lhe é cometida. Só que a única a aparecer é a reação, o ônibus em chamas, nesse momento.

Enquanto a imagem de origem, absurda e incompatível com uma sociedade dita democrática, permanece fora de foco, ignorada completamente pelos que tem de lhe trazer a nitidez.

Créditos
Imagem 1: Estadao.com.br
Imagem 2: Radiosociedadeam.com.br

2 comentários:

  1. Discutir a violência é sempre difícil, mas, coragem é o que não nos tem faltado.

    ps. pavil? Não seria pavio?

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  2. Foi a primeira postagem efetiva, e surgiu a partir de uma conversa com um importante integrante de movimento social urbano de Salvador.

    A preservação da fonte vai pela garantia da continuidade do trabalho dele. E mais aqui estou ajudando a manter a discussão.

    Obrigado pela correção. Pavio.

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Outro motivo para criar este blog foi a impaciência com comunidades orkutianas e grande portais de notícias devido a exerceram a tal moderação.

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