quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Do mau senso, egoísmo e outras leis próprias dos canalhas

Rua movimentada, sinal vermelho, atravesso a faixa de pedestre, mas um carro que vem lá de trás chega voando, e tenho de dar um passo atrás para não ser atropelado. Não titubeio em sair gritando na orelha dele: "Olha a faixa porra!". E acima de tudo, "a merda do sinal". Sou louco? Tenho problemas? Ou só quero ser respeitado?

Banco lotado em dia de pagamento, fila dos caixas de um lado, de informações do outro, entro na que preciso, enquanto um maluco com camiseta de prefeitura reveza nas duas, sem perder a vez. Todos tem medo de falar, mas eu reclamo, e sou chamado de abestalhado por ele só porque exigi o direito de todos em não serem passados pra trás por um metido a esperto.

Ônibus cheio de gente, muitas pessoas em pé, inclusive eu, sobem mulheres e idosos, não aposentados, porém nenhum adolescente ou marmanjo levanta a bunda para oferecer o seu lugar. Você olha para as caras deles, todos "cansados" da maratona escolar ou da casa do amiguinho. Enquanto isso, os poucos que cedem seu espaço são trabalhadores.

Supermercado, pra variar cheio, cinquenta caixas, dez funcionando, povo desesperado querendo sair daquele curral de compras, e a desculpa de que tal guichê alcançou um valor x segue em voga para justificar o péssimo atendimento. Quando você enfim chega na vez, a dondoca resolve bater papo com a caixa depois de acabado o cupom, e a paciência de todos vai acabando.

Fim de festa, estacionamento na rua, flanelinha chato, pedindo dinheiro. Você consente em dar R$2, mas ele quer R$4. Você mora a dois quarteirões de distância, mas sua amiga foi de carro, ele olha pra sua cara de gringo, insiste, recebe um não, e sai xingando com os R$2. Um meio de sobrevivência, e dos bons, tem gente que ganha muito mais que eu "guardando" veículos.

Crônicas de um dia a dia que se repete miseravelmente na vida de muitas pessoas. Porém devido a inúmeros fatores elas acabam impedidas de se manifestar contra. Putarias armadas por instituições, empresas, e acima de tudo pessoas que pensam estar acima de todas as outras, fazendo tudo o que pensam e bem entendem em seu próprio benefício.

Afinal então, para que servem as leis? Já entrevistei pessoas que pensam o seguinte: "Brasileiro não cumpre lei, está desacostumado". Para todos os cinco lugares, situações e circunstâncias que citei, existe uma bela porcaria de legislação que em tese defende os interesses do cidadão, mas veja por favor e explique, onde ela está sendo aplicada?

A única que se verifica inalterada e irrepreensível nesses casos é a Lei de Gérson, portanto aquela voltada a se levar vantagem em tudo, mesmo que para isso o cara detone com a liberdade e a existência do seu semelhante. Despreocupado com as consequências ou os atrasos que vão causar na rotina dos demais, eles seguem se proliferando e nem se preocupam com as críticas.

Sair pra porrada não é a solução, e jamais vai ser. Violência verbal também não funciona, meus próprios xingamentos foram meras formas de chutar o balde. Mas experimente abrir a boca pra dar um pito na pessoa, olhar com cara de desaprovação e discutir, ah, como é divertido, prazeroso e impressionante no alcance de resultados e objetivos.

O mais importante de tudo é manter a adrenalina equilibrada, e mostrar um estado de transparência infinita, deixando que suas informações e convicções derrubem os argumentos inócuos do agressor social. Em caso de tentativa de agressão física, se afaste, se esquive, garanto que em alguns segundos a turma do deixa disso vai apartar.

E você irá pra casa satisfeito, sabendo que agora um canalha a menos estará fazendo das suas "espertalhices" para economizar tempo, dinheiro, e por que não, caçoar de quem se ferra com as suas atividades antiéticas, descabidas e, infelizmente, aceitas por uma sociedade medrosa e hipócrita, que quando vê algo errado, só se lembra da lei, mas esquece do bom senso.