quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Spare me the lecture!

Não, o blog não mudou de língua. O título em inglês, traduzido como: "Me poupe do sermão!" vem apenas introduzir o assunto destaque de hoje, ou que deveria ser, o Dia do Professor.

E por que poupar do sermão?

Em todo o país, alunos fazem homenagens, diretores elogiam, prefeituras concedem prêmios.

Esparramados por alguns pontos, parte dos educadores protesta por condições de trabalho dignas. Na capital paulista, ficam nus para mostrar a real calamidade em que se encontra a classe. Em Porto Seguro, queimam pneus e marcham para pedir agilidade nas investigações do assassinato covarde de dois membros do sindicato local.

Enquanto eles tentam insuflar a rebelião, continuam em voga as reformas desestruturantes, completos retrocessos na educação brasileira, tais como a progressão continuada em São Paulo, as enturmações na Bahia, e a volta da adesão ao ensino religioso nas escolas do Brasil inteiro.

Nos prédios de inúmeras instituições de ensino, placas de zinco, barro e tijolos maltrapilhos tentam de alguma forma manter o local de pé. Dentro das salas de aula, cadeiras quebradas, falta de limpeza e inexistência de material didático complementam a situação deprimente.

Não bastasse todas as condições adversas para trabalhar, tanto as de ordem ideológica e pedagógica como as de organização física do ambiente escolar, nossos professores ainda tem de se submeter a salários de fome, que só se multiplicam porque se dedicam a jornadas duplas e até triplas para ensinar, corrigir provas, preparar aulas.

Muitas são as oportunidades em que se tornam os pais dos filhos de todos, porque estes de casa não vem preparados para aprender, e sim totalmente incipientes em qualquer aspecto educacional. Além de mostrarem as ciências, a geografia e a matemática, ainda tem de dar conta da etiqueta, do respeito e dos limites de cada indivíduo.

Quando o aluno não vai bem, são os primeiros culpados. Com o bom desempenho da galera, os últimos a serem parabenizados. Se não por quem depende diretamente deles, por aqueles que os consideram heróis de uma causa perdida. E que se continuar com esse tratamento, vai se perder mesmo.

Esta causa maior é a educação. Sempre lembrada nos discursos de políticos em campanha, idem nas propagandas de bancos e ong's como maior patrimônio que uma pessoa pode ter. E que cuidado existe com esse patrimônio, jogado às traças, abandonado sem a menor perspectiva?

Como não, anúncios de muitos investimentos públicos e privados, com a participação especial do terceiro setor para possibilitar a distribuição da verba?

Poupe-me do sermão! Eu quero ver o sistema funcionar.

Chega de discurso bonitinho e de postura superficial!

Porque enquanto quem mais se importa com a educação continuar relegado à sarjeta, cada vez mais o dia 15 de outubro vai ter, ao invés do ode ao conhecimento, o lamentar em relação à circunstância periclitante pela qual passam esses profissionais, eternos na sua luta, mas com prazo de validade na paciência para com esse caos.

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