sexta-feira, 21 de maio de 2010

Fase arquitetônica em voga

Conforme o prometido, o blog continua a funcionar, mesmo com o twitter estando mais frequente.

Nessa postagem, entrevista da arquiteta Teresa Cristina Simões, que fiz para a revista em que trabalho, mas que não foi publicada devido ao seu conteúdo fugir do aspecto comercial que a publicação prega.

Arquiteta realiza estudo que propõe fim do desperdício de tempo, material e dinheiros nas obras públicas
Teresa Cristina Simões aponta os melhores caminhos para tornar as construções públicas realmente sustentáveis

Estudar e propor, ainda na fase dos projetos, uma maior durabilidade das edificações públicas, redução dos custos de obra, das manutenções prediais e de operacionalização do prédio, inclusive com relação ao desperdício de energia e água. Apontar soluções de projetos que encarecem as construções públicas, quer por alternativas de terrenos impróprios, pelo partido e/ou solução arquitetônica adotada sem estudo criterioso, inclusive de implantação, ou pela escolha de materiais de construção inadequados. Com esses objetivos, a arquiteta soteropolitana Tereza Cristina Simões vem desenvolvendo um trabalho minucioso e que descreveu com detalhes em entrevista exclusiva.

Combustão Instantânea - Como surgiu a possibilidade de elaborar esse artigo? Quais eram as suas principais motivações enquanto arquiteta, em termos de experiência e indignação com o tratamento relegado aos projetos públicos urbanísticos e arquitetônicos?

Tereza Cristina Simões - Estava fazendo uma Especialização em Gestão Pública e escolhi este tema pois sempre tive uma preocupação de como os profissionais do setor público, em especial Engenheiros e Arquitetos lidam com os recursos públicos. Considerando que os gastos públicos estão diretamente associados à necessidade de arrecadação de impostos, que vivemos em um país em desenvolvimento e que temos carências em praticamente todos os serviços públicos, o uso responsável destes recursos, deveria ser prioridade das gestões, porém isto não ocorre, penso que por falta de consciência dos profissionais, falta de compromisso com o país e até mesmo por desconhecer ou não associar suas decisões com os desperdícios.

CI - De que forma enxerga a falta de preocupação dos gestores públicos e também dos profissionais da área em adotar medidas sustentáveis financeiramente no momento de escolher os materiais e os locais de construção?

TCS - Acredito que por falta de informações e vontade de gerir com responsabilidade. Hoje está em foco o aquecimento global, a preocupação com o efeito estufa, o desperdício de energia, a necessidade de alternativas ecologicamente corretas, os “Edifícios Verdes”, para isto é necessário investir em conhecimento, atualizar os profissionais, ter como meta este ideal.

Outro aspecto é que na época da elaboração dos projetos nem sempre o foco é ter uma edificação cujo custo de manutenção e operacionalização seja otimizado ao maximo, visando economia, evitando desperdícios de energia e água, otimizando a manutenção das construções.

CI - Além da economia financeira, um dos destaques do seu artigo é o trabalho de redução do consumo de água, energia e outros importantes aspectos dos projetos. Existem planos para implementá-los com apoio do poder público?

TCS - Desconheço, penso que de inicio devera partir da consciência de cada profissional, cada um fazendo a sua parte, colaborando e sendo divulgador de suas soluções, tentando inclusive induzir seus superiores a abraçar esta idéia.

CI - Salvador é uma cidade que sofre com o excesso de umidade e de calor, além de ser alvo da especulação imobiliária. Qual a alternativa que você entende ser necessária à melhoria das condições dos prédios públicos, para evitar que se tornem obsoletos ou inúteis diante dessas questões?

TCS - Precisamos de inicio conscientizar os dirigentes quanto ao uso dos recursos públicos, deixando claro que ele é publico e não privado, que ele não deve ser usado para satisfazer seus egos pessoais, mas sim, deveram ser otimizados em bem dos serviços a serem oferecidos. Devendo ter seus espaços bem definidos, em dimensões que atendam tanto aos usuários quanto a seus funcionários, pois um local de trabalho agradável e coerente gera funcionários satisfeitos, com mais vontade de servir.

CI - Por que os arquitetos e projetistas, ao longo dos anos, evitaram desenvolver junto aos órgãos governamentais trabalhos que estivessem de acordo com esses princípios, voltados a preservar os prédios através de fundações bem estruturadas e produtos de alta durabilidade?

TCS - Por falta de consciência e compromisso, pois é mais fácil continuar fazendo o mesmo do que repensar e sugerir mudanças, afinal fazer “o novo” requer tempo, estudo, determinação e força de vontade, abraçar a idéia e ser inovador. Como no Serviço Público tudo é para “ontem”, de acordo com os interesses políticos do momento, muitas vezes não temos nem tempo nem espaço para propor mudanças.

CI - Qual a previsão de benefícios que as construções verdes podem proporcionar? Existem maneiras de adapta-las a prédios já existentes ou é necessária uma ampla reforma no local para implementá-los?

TCS - Os benefícios são inúmeros, embora este tipo de construção seja um pouco mais cara, em poucos anos o custo beneficio compensa. Penso que esta será o tipo de edificação de um futuro bem próximo, trazendo benefícios financeiros, ecológicos, operacional, de manutenções, passando inclusive pela ajuda no combate ao aquecimento global. É possível, sim, adaptar aos prédios existentes basta querer, penso que seja um bom investimento.

CI- Com relação às escolas públicas da Bahia, onde em sua pesquisa você encontrou inúmeros casos de má-utilização e escolhas pouco recomendáveis de material e localização, quais são as principais recomendações para reestruturar os prédios e contribuir para a melhoria das condições oferecidas aos alunos e professores?

TCS - Faz-se necessário repensar a educação como um todo, com relação aos Projetos Arquitetônicos padrões, deveria ser analisado a região, os terrenos e as verdadeiras necessidades de cada local, os Gestores Públicos deveriam ter a liberdade e isenção para propor de acordo com as necessidades sem interferências políticas, os terrenos deveriam ser escolhidos tecnicamente, e o padrão a ser implantado respeitar as necessidades locais, e ter flexibilidade de alterações quando necessário.

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