quinta-feira, 31 de março de 2011

Todos não estão, mas vão ficar surdos


Minha sensibilidade auditiva aumenta a cada dia. Não como a de certos animais, que escutam sua presa a quilômetros de distância, mas tal qual alguém incomodado profundamente com o barulho constante que aflige as grandes cidades.

Talvez essa sensação de poluição sonora seja reflexo ou apenas uma impressão de um rapaz do interior como eu, que só começou a conviver diariamente com as metrópoles há um ano e meio, quando me mudei para Salvador.

Hoje em São Paulo, sinto que a cada dia que os ruídos eliminados por motores de carros, motos e ônibus, além de britadeiras, serras semi-circulares, alarmes, celulares e outras fontes menos tradicionais dessa "música malévola" me irritam de forma absurda e irreversível.

Me pergunto o tempo todo como pode o ser humano suportar a destruição de sua saúde por meio de sons tão desafinados, repetitivos e devastadores. Não há explicação consciente para entender também o porquê das pessoas produzirem essa lástima com tanta frequência.

Ainda não fui ao otorrino verificar se tenho algum problema - com certeza o primeiro do tipo em 26 anos de existência, caso se confirme - porém creio piamente que a origem dele se encontra nesse caótico cenário.

Ainda não sinto dores, e espero sinceramente que elas não aflijam meus ouvidos. Admito que a apreciação de altas doses de rock'n roll durante a adolescência contribuiu relativamente para esse momento, porém nada se compara aos atuais excessos que escuto.

A arte imitando a vida

Prometo que não vou reagir como o diretor de cinema Henry Bean, que, para conseguir dormir com sossego, quebrava os vidros dos automóveis de sua rua que tinham o mau hábito de disparar os alarmes no meio da noite, até ser julgado e preso.

O cineasta viu que a atitude estava lhe custando muitos dólares e acabando com seu casamento, quando resolveu fazer um filme sobre o assunto - "Passando dos Limites"(Noisy) , que tem Tim Robbins no papel principal.


Tamanho era o incômodo do homem que ele passa a atuar como justiceiro. Autoproclamando-se "O Retificador", simplesmente detona a marteladas os pára-brisas de 170 veículos, vira ídolo do povo e bate de frente com o prefeito de Nova Iorque em busca de seu objetivo.

Na cidade norte-americana, a lei prevê que os alarmes devem ser desligados após 3 minutos do disparo. Já os vereadores da capital paulista aprovaram recentemente um tempo menor, de 120 segundos, o que apenas serve de paliativo para o transtorno.

Solução a curto prazo, os burocratas não vão conseguir. Revoltas individuais minhas, tais quais a de Bean, tampouco. A tentativa mais propensa é seguir os ensinamentos da música tema do filme - I Fought the law, and I won, composta por Sonny Curtis.

Traduzindo, eu enfrentei a lei, e ganhei. Nem que fique surdo até conseguir.

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