Apesar das informações ainda desencontradas e da falta de cobertura da grande mídia brasileira e internacional, parece que finalmente Colômbia e Venezuela vão deixar de lado as ameaças e partir para o conflito aberto.
Pelo menos é o que pensa o presidente venezuelano Hugo Chávez.
Depois de pedir a seus compatriotas para "se prepararem para a guerra" no último dia 09/11, e remediar a declaração dizendo que "os militares venezuelanos são pacifistas e nos preparamos para a guerra para assegurar a paz, foi isso o que eu disse domingo", dois dias depois, ele informou ontem, em cadeia nacional, às 10hs de Bogotá, que a Venezuela está oficialmente em Guerra contra a Colômbia. As informações são da jornalista Andressa Gasparelli, que está na Colômbia.
O comunicado, no entanto, não apareceu do nada.
Segundo notícia postada no site da CaracolTV, da Colômbia, a Venezuela admitiu ter explodido duas pontes na região de fronteira, por acreditar se tratar de um acesso utilizado por narcotraficantes. Uma terceira ponte também teria sido destruída.
Ainda segundo a notícia, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, afirma estar fazendo esforços para evitar qualquer conflito armado, apesar de afirmar categoricamente que vai denunciar a Venezuela na OEA e na ONU pela invasão de território e por atentar contra os direitos humanos dos civis que vivem na região.
Em declarações à TV Estatal da Venezuela, o vice-presidente venezuelano, Ramon Corrizález, afirmou que nenhuma lei internacional foi violada porque não houve agressão alguma, tampouco invasão de território.
Disse também que o governo vizinho está manipulando as informações sobre o acontecimento, uma vez que elas escondem o verdadeiro incidente, que na visão dele é a Colômbia ter se tornado uma "base militar ianque".
Uribe, que recentemente assinou acordo de cooperação militar com os E.U.A, e Chávez, que tem nos estadunidenses seus maiores compradores de petróleo, devem agora, depois de incessantes e contínuos desacordos de interesses econômicos, políticos e em qualquer outra esfera, colocar seus poderios bélicos à prova, enquanto que o país detentor do total foco nessa região ainda não se colocou oficialmente sobre o caso.
Até o momento não se materializou nenhum confronto de fato, envolvendo exércitos, metralhadoras, helicópteros e o que mais for conveniente ao uso dos dois irresponsáveis países, cada qual com seu pensamento, Pró-Ianque ou Bolivariano. Mas a notícia das pontes explodidas é real, e todas as frases proferidas por cada governo também. Só não se sabe até que ponto a frágil diplomacia latino-americana poderá contribuir para evitar mortes desnecessárias.
Não bastasse o irremediável descontrole das palavras e das ações que devem culminar nessa guerra, o Vulcão Galeras, localizado em Ipiales, única rota segura de saída da Colômbia para o Equador, entrou em atividade às 03:00 h da madrugada, "cuspindo lava e cinzas em todas as direções, fazendo com que as autoridades começassem a evacuação de cerca de 300 mil pessoas de cidades e áreas próximas", segundo relata Andressa.
Para quem está viajando pela região ou pretende chegar em breve, é preciso muito cuidado. A jornalista afirma que grande parte das estradas colombianas já está militarizada após a destruição das pontes e as declarações de Chávez e de Uribe.
A questão é saber qual a real amplitude de toda essa conjuntura, afinal o Brasil, insistente em apaziguar os ânimos dos dois, também já tem área de fronteira coberta de militares colombianos e não deve permanecer inerte, seguindo a sua "nova ordem geopolítica".
Em reportagem deste domingo, na Caracol TV, Chávez disse estar sendo elaborada uma "grande operação midiática" para colocá-lo como "quem está preparando uma guerra".
Na visão do presidente venezulelano, quem está sendo agredida é a Venezuela. Isso porque o acordo Bogotá/Wasington seria mais um golpe do imperialismo contra o país, uma vez que a Colômbia serviria de plataforma para ataques oriundos das ordens estadounidenses, tendo a Venezuela como "alvo número um".
Em meio a todas essas respostas atravessadas, a Venezuela sofre com o racionamento de água. Também há rumores sobre o corte do fornecimento de gás por parte da Colômbia ao país, e de energia elétrica ao Equador, governada por Rafael Corrêa, aliado de Chávez.
O governo colombiano nega.
E a parte fria que cabe à guerra, na cabeça dos indivíduos, se mantém. Por enquanto.
MQMA: Him - Rupert Holmes
Há 2 semanas